Percorrer cantos e recantos é das minhas coisas favoritas faça chuva ou faça sol, se a isso puder juntar conhecimento é "ouro sobre azul".
Em plena cidade de Évora (e não vale a pena voltar a mencionar que sou apaixonada pela cidade ... já mencionando) é quase assim de minuto a minuto que essa combinação é possível.
Bem pertinho da Sé Catedral, quem desce em direção à Igreja do Carmo encontra mais um lugar emblemático da cidade, o Largo das Portas de Moura, com a sua conhecida Fonte (Chafariz) de pedra mármore.
Todo o largo está carregado de História, por aqui passaram muitas figuras que contribuíram para elevar o seu estatuto além fronteiras, partilharam conhecimento que passa de geração em geração e claro, as tão famosas lendas, os acontecimentos que quando passaram de boca em boca (provavelmente) receberam o famoso "quem conta um conto ..." mas que nos deixam "colados" a uma narrativa da qual queremos sempre saber mais.
A Porta e o seu Terreiro envolvente remontam a tempos Romanos e marcam uma época cheia de conquistas com tudo o que isso teve de bom como de mau, os feitos que mudaram vidas em ambos os extremos, o que trouxe e o que roubou ... É fascinante o misto de emoções, uns falam dela como um marco encantador, símbolo de beleza e ponto de encontro para muitas conversas e bons momentos, outros afirmam que está envolto em lágrimas e sangue derramado, e que ainda hoje se ouvem murmúrios de dor em certas noites do ano ...
O Chafariz das Portas de Moura foi mandado construir pelo Cardeal D. Henrique (Arcebispo de Évora e fundador da Universidade), que viria a ser Rei de Portugal.
Nasceu em Lisboa num dia de muita neve, algo que não era (e não é) muito comum, tal feito foi visto como um sinal dos céus, associado a uma alma pura, e há quem diga que traçou completamente o seu destino. Algumas mentes mais entendidas afirmam que a esfera é a representação da nossa Esfera Armilar com todo o seu significado Histórico, Astronómico e Religioso, mas entre portas e travessas há quem diga que é nada mais nada menos que ... um floco de neve ...
Urbe Quinhentista Eborense, um cartão de visita dos Solares da época, era onde se concentravam os bonitos Palacetes das famílias mais nobres que aqui construíram o seu lar.
Dizia-se que não era tão imponente como o Chafariz do Giraldo, mas que continha um simbolismo muito maior e assim sendo marcava por isso mesmo, pela distância de mentalidades, de arquiteturas, estilos, maneirismos e sobretudo de estatuto.
Seria mesmo assim ?
No centro do Largo um "labirinto de mármore" conduz aos tanques do Chafariz, segundo alguns Historiadores simboliza o enorme desafio que foi levar a água até ao centro urbano, interligando assim toda a história sobre a construção do Aqueduto da Água da Prata, ambas obras atribuídas à mestria de Diogo de Torralva, que nos presenteou com tantos outros marcos lindíssimos no nosso país, famosamente conhecido pelos seus belos Claustros.
E se alguns pensam que foi um ponto estratégico e com sentido Histórico associado a Giraldo Sem Pavor, o herói lendário de Évora que depois da sua conquista "fundou" aqui a primeira Mouraria da cidade, há quem vá mais longe e afirme que o Largo tem outro simbolismo, que remonta a tempos mais antigos e que a criação do Chafariz serve de ligação Religiosa aos cultos com purificação através da água que aqui tiveram palco.
A água "pura e cristalina" que surge das nascentes da Graça do Divor fazem com que a teoria ganhe força durante muitos séculos, arriscando dizer "até aos dias de hoje" pelas conversas que se ouvem de vez em quando pelos jardins da cidade.
Mais uma vez está aqui a prova que o nosso país é rico em História, sempre naquela combinação interessante de factos comprovados que conjugam tão bem com as lendas que ecoam naturalmente.
Conhecem mais alguma ?
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Cuidem-se
💋
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