Ir a Bratislava sem ver as estátuas é como ir a Roma ...
Quem conhece Bratislava sabe que é muito fácil "dar de caras" com uma estátua, ou esculturas em bronze muitas delas em tamanho real, em qualquer canto surge uma para fazer as delícias dos transeuntes.
Umas são apenas obras de arte temporárias, eventos ou exposições pontuais, outras são figuras famosas, muitas delas são homenagens a acontecimentos históricos ou nomes queridos da cidade, aqueles que representam algo tão marcante que merecem bem mais que uma estátua ...
O Soldado de Napoleão, o Paparazzi, o Schone Naci e muitos outros.
Umas escondem-se nos becos, outras estão em pontos bem centrais da cidade, umas "saltam" de edifícios, outras espreitam por uma sarjeta ...
Isso mesmo, Cumil - o Observador, vê o que se passa à sua volta no rebordo de uma sarjeta e é sem dúvida a estátua mais fotografada da Bratislava.
Cumil é conhecido como o "Observador", mas também como o "Trabalhador".
Há várias teorias e histórias sobre ele.
Se perguntarem a qualquer morador vão conhecer uma história, no posto de turismo da cidade encontram pelo menos duas versões, se fizerem uma visita guiada pelas ruas da cidade o guia vai contar pelo menos mais uma, e experimentem perguntar a uma criança Eslovaca ... vão ver que vai ser totalmente diferente.
Cumil era um "trabalhador comunista, descansava muito só queria estar aí à janela", dizem alguns.
Cumil era "um comunista tonto, o regime pagava o salário mas ele não trabalhava, ficava a olhar para as pernas das Senhoras que passavam", acrescentam outros.
O Cumil era um "espião disfarçado, fingia que trabalhava mas estava a tomar nota dos encontros importantes de gente influente, todos sabem disso, foi aqui colocado para não nos esquecermos que não podemos confiar em ninguém", dizia o dono de um famoso restaurante no centro da cidade enquanto me servia uma palacinky recheada de frutos vermelhos.
Mas a versão mais interessante foi a que ouvi numa esplanada bem pertinho do Cumil, onde um Senhor discursava convicto : "Claro que sei quem foi o Cumil, era Russo, lá das altas patentes, espiava tudo, tinha um autêntico arsenal lá em baixo, escutas e vigilâncias nas redes de esgotos, só punha a cabeça de fora quando vinha apanhar ar e comer qualquer coisa, comeu tanto ali escondido que um dia não conseguiu sair. Já estava gordo e ficou aí preso ..." 🤐
Na primeira vez arregacei as mangas e tentei ajudar o Cumil, porque estar ali preso à mercê de cliques alheios não deve ser assim tão agradável ... agora já passo por ele e entre um olá e uma troca de olhares parece-me que ele se sente bem ali, no seu posto de observação, onde não viaja mas vive as aventuras de quem por ele passa, vê os amores e as tristezas, caras conhecidas e desconhecidas, ouve memórias e histórias vividas ...
Há quem diga que se deve esfregar o topo do capacete para obter sorte e boas notícias, e o nariz para que os sonhos se realizem ...
Conseguem perceber pela cor do bronze, que anda meio mundo em busca disso mesmo ?
Resumindo, é possível que cada um tenha a sua própria teoria e parece que a intenção do escultor era mesmo essa. Viktor Hulik's queria que o Cumil fosse tema de conversa entre todos, sendo (segundo ele) uma maneira simples de homenagear o povo Eslovaco, com a sua hospitalidade, simpatia e "sempre com a mentalidade de dar as boas vindas a todos e ficar um pouco à conversa".
O Cumil situa-se em Panská, uma das ruas mais percorridas da cidade, bem no centro da Old Town (Cidade Velha), foi inaugurado em 1997 e é sem dúvida um marco turístico com direito a fila para o fotografar, por isso se quiserem aparecer ao lado do Cumil coloquem o vosso melhor sorriso pois acreditem ou não vão estar "mil" olhos postos em vocês ...
Já conhecem ?
Ouviram as mesmas teorias ou sabem mais alguma ?
Cuidem-se !!!!
💋
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